06/08/08

O Milagre Eucarístico de Lanciano

Num passeio pela região d’Abruzzo na margem adriática da Itália central, chega-se à cidade de Lanciano, entre o mar e as montanhas, rodeada de um agradável ambiente rural.

Nesta cidade pode admirar-se a patine da história e do tempo marcados nas edificações.

Existe um memorial às vítimas da II Grande Guerra deste local.

Visitado o centro histórico chegamos ao redor de um convento franciscano.

Na igreja do convento procuramos o Milagre Eucarístico. No Altar, encontrava-se a Custódia que continha o vinho transformado em sangue e o pão transformado na carne de Jesus.


Conta-se que um monge da Ordem Basiliana, um dia (séc. VII d. C.) aquando da celebração da Eucaristia na Igreja de S. Legonziano, duvidou da realidade da presença divina na Hóstia e no Vinho e eis que depois da Consagração se transformaram, em carne e sangue de Jesus Cristo.

“ a Hóstia - Carne (...) é de cor levemente escura e torna-se rósea em transparência. O Sangue é coagulado em cinco glóbulos irregulares e de diversas formas e tamanhos, de cor pálida tendente ao amarelo - ocre .”

“A carne e o sangue seriam do mesmo tipo sanguíneo (AB) e pertencem à espécie humana. Supõe-se que o sangue "AB" é o tipo de sangue encontrado no Santo Sudário. Este tipo de sangue é muito comum no povo Judeu. Outro facto interessante é que os cinco fragmentos, ao serem pesados têm exactamente o mesmo peso, não importa a combinação com que se pese. Por exemplo, tanto faz pesar um, dois ou todos fragmentos juntos, eles têm o mesmo peso.”

Este foi o primeiro e maior Milagre Eucarístico da Igreja Católica e conserva-se até hoje no mesmo local.

Jesus transformou a dúvida daquele monge num milagre para todos nós.


Oração

Louvor a Vós, oh Cristo

Que com este Milagre Eucarístico

Nos deixou um sinal de predilecção,

Para que cresça a nossa fé

Na Vossa viva Presença no Sacramento da Eucaristia.

Vos damos graças, Jesus

Pelo prodígio da Vossa vinda

Que sempre se renova sobre a mesa do altar.

Sois Vós o amigo dos nosso dias,

O Pão do caminho, o vinho da alegria,

O bálsamo da dor

E desejo do nosso coração.

Fazei, oh Senhor, que ao comunicar

O santo mistério do Vosso corpo e sangue,

Transfigurados de amor,

Possamos ser para todos

Os irmãos epifania de vossa altíssima Caridade

E Profecia do Vosso Reino,

Diante do mundo do terceiro milénio.

Filho de Deus vivente,

Infunde sobre nós a plenitude do Vosso Espírito,

Abre para nós o Caminho em direcção ao Pai,

Para que sejamos acolhidos

Ao término da nossa peregrinação,

No seio adorável da Santíssima Trindade,

Nossa felicidade e nossa paz

Por toda a eternidade.

Amén

01/08/08

Padre Pio

Tal como o apóstolo Paulo, o Padre Pio de Pietrelcina colocou, no vértice da sua vida e do seu apostolado, a Cruz do seu Senhor como sua força, sabedoria e glória. Abrasado de amor por Jesus Cristo, com Ele se configurou imolando-se pela salvação do mundo. Foi tão generoso e perfeito no seguimento e imitação de Cristo Crucificado, que poderia ter dito: «Estou crucificado com Cristo; já não sou eu que vivo, é Cristo que vive em mim» (Gál 2, 19). E os tesouros de graça que Deus lhe concedera com singular abundância, dispensaram ele incessantemente com o seu ministério, servindo os homens e mulheres que a ele acorriam em número sempre maior e gerando uma multidão de filhos e filhas espirituais.


Este digníssimo seguidor de S. Francisco de Assis nasceu no dia 25 de Maio de 1887 em Pietrelcina, na arquidiocese de Benevento, filho de Grazio Forgione e de Maria Giuseppa de Nunzio. Foi baptizado no dia seguinte, recebendo o nome de Francisco Forgione. Recebeu o sacramento do Crisma e a Primeira Comunhão, quando tinha 12 anos.


Aos 16 anos, no dia 6 de Janeiro de 1903, entrou no noviciado da Ordem dos Frades Menores Capuchinhos, em Morcone, tendo aí vestido o hábito franciscano no dia 22 do mesmo mês, e ficou a chamar-se Frei Pio. Terminado o ano de noviciado, fez a profissão dos votos simples e, no dia 27 de Janeiro de 1907, a dos votos solenes.

Depois da Ordenação Sacerdotal, recebida no dia 10 de Agosto de 1910 em Benevento, precisou de ficar com sua família até 1916, por motivos de saúde. Em Setembro desse ano de 1916, foi mandado para o convento de São Giovanni Rotondo, onde permaneceu até à morte.

Viveu em plenitude a vocação de contribuir para a redenção do homem, segundo a missão especial que caracterizou toda a sua vida e que ele cumpriu através da direcção espiritual dos fiéis, da reconciliação sacramental dos penitentes e da celebração da Eucaristia. O momento mais alto da sua actividade apostólica era aquele em que celebrava a Santa Missa. Os fiéis, que nela participavam, pressentiam o ponto mais alto e a plenitude da sua espiritualidade.









No campo da caridade social, esforçou-se por aliviar os sofrimentos e misérias de tantas famílias, principalmente com a fundação da «Casa Sollievo della Sofferenza» (Casa Alívio do Sofrimento), que foi inaugurada no dia 5 de Maio de 1956.

Para o Padre Pio, a fé era a vida: tudo desejava e tudo fazia à luz da fé. Empenhou-se assiduamente na oração. Passava o dia e grande parte da noite em colóquio com Deus. Dizia: «Nos livros, procuramos Deus; na oração, encontramo-Lo. A oração é a chave que abre o coração de Deus». A fé levou-o a aceitar sempre a vontade misteriosa de Deus.











Viveu imerso nas realidades sobrenaturais. Não só era o homem da esperança e da confiança total em Deus, mas, com as palavras e o exemplo, infundia estas virtudes em todos aqueles que se aproximavam dele. O amor de Deus inundava-o, saciando todos os seus anseios; a caridade era o princípio inspirador do seu dia: amar a Deus e fazê-Lo amar. A sua particular preocupação: crescer e fazer crescer na caridade.

A máxima expressão da sua caridade para com o próximo, vemo-la no acolhimento prestado por ele, durante mais de 50 anos, às inúmeras pessoas que acorriam ao seu ministério e ao seu confessionário, ao seu conselho e ao seu conforto. Parecia um assédio: procuravam-no na igreja, na sacristia, no convento. E ele prestava-se a todos, fazendo renascer a fé, espalhando a graça, iluminando. Mas, sobretudo nos pobres, atribulados e doentes, ele via a imagem de Cristo e a eles se entregava de modo especial.

Exerceu de modo exemplar a virtude da prudência; agia e aconselhava à luz de Deus.A todos tratou com justiça, com lealdade e grande respeito.










Nele refulgiu a virtude da fortaleza. Bem cedo compreendeu que o seu caminho haveria de ser o da Cruz, e logo o aceitou com coragem e por amor. Durante muitos anos, experimentou os sofrimentos da alma. Ao longo de vários anos suportou, com serenidade admirável, as dores das suas chagas.

Quando o seu serviço sacerdotal esteve submetido a investigações, sofreu muito, mas aceitou tudo com profunda humildade e resignação. Frente a acusações injustificáveis e calúnias permaneceu calado, sempre confiando no julgamento de Deus, dos seus superiores directos e de sua própria consciência.

A sua obediência era sobrenatural na intenção, universal na extensão e integral no cumprimento. Exercitou o espírito de pobreza, com total desapego de si próprio, dos bens terrenos, das comodidades e das honrarias. Sempre teve uma grande predilecção pela virtude da castidade. O seu comportamento era, em todo o lado e para com todos, modesto.

Considerava-se sinceramente inútil, indigno dos dons de Deus, cheio de misérias e ao mesmo tempo de favores divinos. No meio de tanta admiração do mundo, ele repetia: «Quero ser apenas um pobre frade que reza».

Desde a juventude, a sua saúde não foi muito brilhante e, sobretudo nos últimos anos da sua vida, declinou rapidamente. A irmã morte levou-o, preparado e sereno, no dia 23 de Setembro de 1968; tinha ele 81 anos de idade. O seu funeral caracterizou-se por uma afluência absolutamente extraordinária de gente.










No dia 20 de Fevereiro de 1971, apenas três anos depois da morte do Padre Pio, Paulo VI, dirigindo-se aos Superiores da Ordem dos Capuchinhos, disse dele: «Olhai a fama que alcançou, quantos devotos do mundo inteiro se reúnem ao seu redor! Mas porquê? Por ser talvez um filósofo? Por ser um sábio? Por ter muitos meios à sua disposição? Não! Porque celebrava a Missa humildemente, confessava de manhã até à noite e era – como dizê-lo?! – a imagem impressa dos estigmas de Nosso Senhor. Era um homem de oração e de sofrimento».

Nos anos que se seguiram à sua morte, a fama de santidade e de milagres foi crescendo cada vez mais, tornando-se um fenómeno eclesial, espalhado por todo o mundo e em todas as categorias de pessoas.

Não tinha ainda passado muito tempo quando a Ordem dos Frades Menores Capuchinhos empreendeu os passos previstos na lei canónica para dar início à Causa de beatificação e canonização. Depois de tudo examinado, como manda o Motu proprio «Sanctitas Clarior», a Santa Sé concedeu o nihil obstat no dia 29 de Novembro de 1982. O Arcebispo de Manfredónia pôde assim proceder à introdução da Causa e à celebração do processo de averiguação (1983-1990). No dia 7 de Dezembro de 1990, a Congregação das Causas dos Santos reconheceu a sua validade jurídica. Ultimada a Positio, discutiu-se, como é costume, se o Servo de Deus tinha exercitado as virtudes em grau heróico. No dia 13 de Junho de 1997, realizou-se o Congresso Peculiar dos Consultores Teólogos, com resultado positivo. Na Sessão Ordinária de 21 de Outubro seguinte, tendo como Ponente da Causa o Ex.mo e Rev.mo D. Andrea Maria Erba, Bispo de Velletri-Segni, os Cardeais e Bispos reconheceram que o Padre Pio de Pietrelcina exercitou em grau heróico as virtudes teologais, cardeais e anexas.

No dia 18 de Dezembro de 1997, na presença do Papa João Paulo II foi promulgado o Decreto sobre a heroicidade das virtudes. Para a beatificação do Padre Pio, a Postulação apresentou ao Dicastério competente a cura da senhora Consiglia de Martino, de Salerno. Sobre o caso desenrolou-se o Processo canónico regular no Tribunal Eclesiástico da arquidiocese de Salerno-Campanha-Acerno, desde Julho de 1996 até Junho de 1997. Na Congregação das Causas dos Santos, realizou-se, no dia 30 de Abril de 1998, o exame da Consulta Médica e, no dia 22 de Junho do mesmo ano, o Congresso Peculiar dos Consultores Teólogos. No dia 20 de Outubro seguinte, reuniu-se no Vaticano a Congregação Ordinária dos Cardeais e Bispos, membros do Dicastério, e, no dia 21 de Dezembro de 1998, foi promulgado, na presença do Papa João Paulo II, o Decreto sobre o milagre.

No dia 2 de Maio de 1999, durante uma solene Celebração Eucarística na Praça de São Pedro, Sua Santidade João Paulo II, com sua autoridade apostólica, declarou Beato o Venerável Servo de Deus Pio de Pietrelcina, estabelecendo no dia 23 de Setembro a data da sua festa litúrgica.









Para a canonização do Beato Pio de Pietrelcina, a Postulação apresentou ao competente Dicastério o restabelecimento do pequeno Matteo Pio Collela de São Giovanni Rotondo. Sobre este caso foi elaborado um processo canónico no Tribunal Eclesiástico da arquidiocese de Manfredonia-Vieste, que decorren de 11 de Junho a 17 de Outubro de 2000. No dia 23 de Outubro de 2000, a documentação foi entregue à Congregação das Causas dos Santos. No dia 22 de Novembro de 2001 é aprovado, na Congregação das Causas dos Santos, o exame da Consulta Médica. No dia 11 de Dezembro de 2001, é julgado pelo Congresso Peculiar dos Consultores Teólogos e, no dia 18 do mesmo mês, pela Sessão Ordinária dos Cardeais e Bispos. No dia 20 de Dezembro, na presença do Papa João Paulo II, foi promulgado o Decreto sobre o milagre; no dia 26 de Fevereiro de 2002, foi publicado o Decreto sobre a sua canonização.

Santa Teresa do Menino Jesus

Estamos em Alençon (França), corria o ano 1873 quando a 2 de Janeiro numa quinta-feira desse mesmo ano nasce Maria Francisca Teresa Martin, filha do ourives Luis José Estanislau Martin e da artesã Zélie Guéri Martin era a nona filha do casal, tendo sido baptizada no dia seguinte na Igreja de Nossa Senhora.





Quando nasceu, era muito franzina e doente. Desde o nascimento exigia muitos cuidados. Desde cedo, revelava-se marcada pelo senso de amor, pelo semblante de serenidade e pelo contentamento de sua alma com a grandeza de Deus.


Adorava fazer altares e aos dois anos já pensava na ideia de ser religiosa, para a alegria de sua mãe, mas para o desconsolo de seu tio Isidore Guérin (seu futuro tutor sub-rogado).


Sua mãe estava doente (cancro) e a 28 de Agosto de 1877 acaba por falecer, e por essa altura que toda a família se muda para Lisieux.


A 3 de Outubro de 1881 entra para ser aluna na Abadia das Beneditinas de Lisieux, e lá permaneceu por cinco anos, porém após sofrer muitas humilhações e também ter adoecido, saiu de lá e passou a receber aulas particulares em casa da Senhora Papinau.



Quase ao completar 14 anos, no Natal de 1886, Teresa passa por uma experiência que chamou de "Noite da minha conversão".


Ao volta de missa e enquanto procurava os seus presentes, percebe que o pai se aborrece por ela apresentar comportamento infantil.


A menina decide então a renunciar a infância e toma o acontecido como um sinal inspirador de força e coragem para o futuro.


É então que apenas com 14 anos, Teresa decide que quer entrar para o Carmelo de Lisieux. Por isso, é carinhosamente chamada de Teresinha de Lisieux - (Ordem das Carmelitas Descalças).


Mas havia um problema, a tenra idade não permitia que ela entrasse para o Carmelo, é então levada pelos familiares, a 20 de Novembro de 1887, para uma audiência com o Papa Leão XVIII, em Roma, para lhe pedirem uma excepção.


Em Abril do ano seguinte é concedida a autorização, e no 9º dia desse mesmo mês com apenas 15 anos e 3 meses entra para o Carmelo tomando o nome de Teresa do Menino Jesus.


No ano seguinte em 1889 do dia 10 de Janeiro, Teresa após a cerimónia presidida por D. Flaviano Hugonin, veste o hábito de Carmelita Descalça, levando dai para a frente a sua vida em devoção a Deus como tanto ansiara.

Após um ano Teresa faz a sua Profissão em clausura e meses mais tarde a Cerimónia pública da Profissão Solene e passa a usar o véu negro.


Os anos vão passando e a 2 de Janeiro de 1894, Teresa cumpre 20 anos, mas nesse mesmo ano seu pai morre, então com tristeza de tal acontecimento e como forma de se aproximar mais dos seus entes queridos, começa a escrever as suas recordações da infância, descobrindo «o caminho da infância espiritual», tendo sido autorizada pela Rev. Madre Inês de Jesus.

No mesmo dia do ano seguinte, Teresa redige o Manuscrito A e interpreta na sua segunda peça de teatro o papel de Joana d’Arc.

Primeira crise de hemoptise (tuberculose), surge na noite do dia 2 de Abril de 1896, a partir de então começa uma prova interior de tentações contra a fé e a esperança que durará até a sua morte. Em Setembro desse mesmo ano, Teresa redige o Manuscrito B (cartas para a Irmã Maria do Sagrado Coração. «A minha vocação é o amor!»).





Chega o ano de 1897, Teresa está cada vez mais doente, mas mesmo assim ainda redige o Manuscrito C. Devido ao seu estado é tirada da cela conventual e levada para a enfermaria conventual, recebendo então a Unção dos Enfermos.




No dia 30 de Setembro com apenas 24 anos de idade e 9 anos de convento, pelas 19:30 após grande e longa agonia acaba por falecer num êxtase de Amor…tendo sido sepultada a 4 de Outubro foi sepultada no cemitério de Lisieux.







A sua obediência era a prova de que se fazia a menor entre as menores. A sua irmã, Paulina, também carmelita, publicou em 1898 os escritos autobiográficos de Santa Teresinha, intitulados "História de uma alma".


No dia 17 de Maio de 1925, Teresinha foi canonizada pelo Papa Pio XI. O mesmo Papa a declara Patrona Universal das Missões Católicas em 14 de Dezembro 1927. Por ocasião da celebração do Centenário de sua morte, em 19 de Outubro de 1997, o Papa João Paulo II a declarou “Doutora da Igreja”.


Também Luis José Estanislau Martin e Zélie Guéri Martin, pais de Santa Teresa de Lisieux, poderão ser em breve declarados beatos.

A história de Santa Teresa do Menino Jesus