04/11/08

João Paulo II (Karol Jósef Wojtyla)

A lenda do nascimento de João Paulo II


Segundo se conta, no momento do parto não ouve dor, a mãe pediu à parteira que abrisse a janela para que os primeiros sons que seu filho recém-nascido ouvisse fossem o canto em honra de Maria, Mãe de Deus.

E assim a parteira saltou do pé da cama para a janela e escancarou as persianas. De repente o quarto se encheu de luz e do entoar das vésperas de Maio em honra da Santa Virgem, vindo da Igreja Nossa Senhora, no próprio mês a ela dedicado. Dessa forma, os primeiros sons ouvidos pelo futuro papa, João Paulo II, foram cânticos entoados a Maria, da igreja paroquial que ficava bem do outro lado da rua da casa onde nasceu, num modesto sobrado cujos proprietários eram judeus, na cidadezinha de Vadovice, na Galícia.


Essa foi a história contada pelo velho Papa em pessoa, enquanto caminhava pelos jardins do Vaticano no seu septuagésimo ano de vida, contemplando o arco descrito por sua vida notável e descrevendo essa grande dádiva de sua própria mãe martirizada. Trecho do livro Sua Santidade, João Paulo II e a história oculta de nosso tempo, de Carl Bernstein e Marco Politi.


João Paulo II (Karol Józef Wojtyla)


Karol Józef Wojtyla nasceu a 18 de Maio de 1920, em Wadowice, uma pequena localidade ao sul da Polónia, a 50 quilómetros da. Filho de Karol Wojtyla, um tenente do exército austro-húngaro e sua mãe Emíila Kaczorowsky, uma jovem siciliana de origem lituana, e um irmão adolescente de nome Edmund Wojtyla por quem tinha grande admiração.


Teve uma irmã que morreu com apenas alguns dias de vida.


Os pais de Karol Józef Wojtyla baptizaram-no a poucos dias após nascer, na Igreja de Santa Maria de Wadowice.

Era muito mimado tal como o seu irmão Edmund, que se formou em medicina.


Mas aos 9 anos de idade, algo de drástico acontece na sua vida, a mãe Emilia Kaczorowska encontrasse doente (problemas nos rins) acabando por falecer, corria o ano de 1929. Criado pelo pai, um homem rígido, que educou os filhos de acordo com a disciplina militar, mas sempre pronto a ajuda-los e apoia-los em tudo, tanto que era de bom agrado, ver Karol com apenas 10 anos demonstrar interesse pelo teatro e pela literatura.

Mas algo voltaria a mudar o rumo da sua vida, com 11 anos de idade (1931), veria morrer o irmão, vítima de escarlatina. E como pode aguentar ainda mais sofrimento quando a poucos dias de completar 22, vê morrer seu pai num dos mais rigorosos Invernos da Polónia.


Durante a invasão nazi da Polónia, Karol Wojtyla e um grupo de jovens polacos criaram uma universidade clandestina, como forma de resistirem ao encerramento das universidades polacas, decretado pelos alemães, mas para desgosto dele assistiu ao assassinato de vários desses seus amigos e colegas. Era um apaixonado pelo desporto (chegou a actuar como jogador de futebol numa equipa amadora de Wadowice) e, muito religioso, (foi fundador de uma Congregação Mariana no seu colégio).


Durante a ocupação alemã, trabalhou como mineiro e mais tarde numa fábrica de produtos químicos para evitar a sua deportação para a Alemanha Nazi.


Em 1942, ingressou no departamento teológico da Universidade Jaguelónica, onde fez vários amigos e em 1946 é ordenado sacerdote e licencia-se em Teologia na Universidade Pontifícia de Roma Angélica e, mais tarde, em Filosofia, desempenhando depois as funções de docente na Universidade Católica de Lublin e na Universidade Estatal de Cracóvia.


Em 1958, foi consagrado Bispo Auxiliar do Administrador Apostólico de Cracóvia, monsenhor Basiak, tornando-se o mais novo membro do Episcopado polaco. Corria o ano de 1963, quando a 30 de Dezembro é apontado por Paulo VI como arcebispo de Cracóvia tendo sido 4 anos mais tarde no dia 28 de Junho é elevado a cardeal, também por Paulo VI.

No ano de 1978, é nomeado membro da Consagração para a Educação Católica.


João Paulo I, o antecessor de João Paulo II, morre a 28 de Setembro de 1978, vítima de enfarto agudo do miocárdio

antes de completar 34 dias de pontificado. O conclave (colégio de cardeais responsável pela escolha do próximo Papa) o elegeu a 18 de Outubro de 1978 como o 265º sucessor de Pedro, à frente dos destinos da Igreja Católica, interrompendo mais de 400 anos (desde 1522) de eleição de Papas italianos.


Adoptou o nome de João Paulo II em homenagem ao seu antecessor e depressa se colocou do lado da paz e da concórdia internacionais, com intervenções frequentes em defesa dos direitos humanos e das Nações.


Corria o ano de 1981 quando sofreu um atentado na tarde de 13 de Maio. No meio da Praça de São Pedro, no Vaticano, o turco Mohemed Ali Agca disparou três vezes contra o Papa. As balas o atingiram no abdómen e no braço, e uma multidão de pessoas presenciou o incidente.


João Paulo II iniciou as comemorações do Dia Mundial da Juventude em 1985, em Roma, num encontro com 200 mil pessoas.

Durante a sua visita a Cuba, em Janeiro de 1998, que marcou o fim de 39 anos de relações tensas entre a Igreja Católica e o regime de Fidel Castro, o Papa condenou o embargo económico dos Estados Unidos ao país, declarando que tais medidas eram "condenáveis por lesarem os mais necessitados".


A reconciliação com os judeus marcou a sua viagem à Terra Santa, e uma viragem nas relações entre as duas religiões. João Paulo II pediu perdão, a 12 de Março de 2000, pelos erros e crim

es cometidos pela Igreja no passado, especialmente contra os judeus, pedido repetido junto ao Muro das Lamentações, em Jerusalém, o lugar mais sagrado do judaísmo.


Em 13 de Maio de 2000, viaja até Santuário de Fátima, em Portugal e a Igreja surpreendeu o mundo revelando a Terceira Revelação de Fátima, que em 1917 teria aparecido para três crianças em Portugal.


Segundo análise do Vaticano, o terceiro segredo estaria ligado ao atentado contra o Papa. Curiosamente, os tiros contra o Papa foram disparados também no dia 13 de Maio (1981). Conforme divulgou o secretário de Estado do Vaticano, o terceiro mistério anunciado pela Virgem aos pastorinhos era a imagem de um bispo vestido de branco que caminhava entre os corpos de mártires caídos ao chão, aparentemente mortos, sob uma chuva de disparos. A Praça de São Pedro é rodeada de imagens de santos e mártires. A revelação do mistério encerrou décadas de suposições, muitas delas relacionando o segredo a profecias apocalípticas como o fim do mundo.


A Oração Mundial pela Paz, que se realizou a 24 de Janeiro de 2002, foi presidida por João Paulo II e reuniu em Assis, em Itália, líderes de 48 confissões de todo o mundo.

Foi a Fátima visitar todas as pessoas e também a irmã Lúcia. A irmã Lúcia acabou por falecer no dia 13 de Fevereiro de 2005. A irmã Lúcia era a mais velha dos três pastorinhos.


Muitas outras visitas fez, mas ainda nos anos 90 é marcado pela doença de Parkinson, sendo já evidente que a sua saúde se iria debilitar rapidamente.


Foi então que às 21h37, hora de Roma, do dia 2 de Abril de 2005, o Mundo parou perante a notícia da morte do Santo Padre, vítima de choque séptico e de falência cardíaca, segundo o atestado de óbito assinado pelo médico pessoal do pontífice.


Por sua própria decisão, seu corpo não foi embalsamado. E sobre seu funeral, deixou a seguinte instrução: "Repito a mesma ordem dada pelo Santo Padre Paulo VI: enterro em terra nua, não em um sarcófago".


As exéquias fúnebres decorreram na Praça de São Pedro, pela manhã do dia 7 de Abril de 2005, tendo a cerimónia fúnebre durou três horas, sobre alta segurança, presidida pelo então, decano dos cardeais, o Cardeal Joseph Ratzinger.


O corpo de João Paulo II está sepultado no Vaticano, numa lápide de pedra (campa rasa), junto ao túmulo de S. Pedro, na cripta da Basílica onde descansam pontífices e monarcas.


Fica para a História da Humanidade como tendo ficado nos 12 Papas, de um total de 264, a reinaram mais tempo. O recorde absoluto é de São Pedro, o primeiro papa, que teve um pontificado de entre 34 e 37 anos – não há dados exactos para confirmar a data precisa. Em 24 anos de pontificado, João Paulo II já beatificou 1303 pessoas e proclamou 465 santos.


Foi um dos Homens mais Bondosos que a Humanidade alguma vez teve…

06/09/08

A Última Ceia de Leonardo Da Vinci

Este quadro representa o episódio dramático narrado nas Sagradas Escrituras, em que Cristo, reunido com os Seus discípulos para celebrar a Páscoa Judia, anuncia que um deles o iria trair. Leonardo Da Vinci descreve a cena de forma original como se estivesse a contar uma história. Em vez de escolher o momento em que a identidade do traidor é revelada, retrata as reacções e gestos dos apóstolos que interrogam o Mestre: "Serei eu, Senhor?" Jesus está sentado, impassível, enquanto os discípulos, todos potenciais traidores, se olham uns aos outros, questionando-se e tentando afirmar a sua inocência.












Porque Leonardo Da Vinci escolheu este momento para representar a sua Última Ceia?


Leonardo Da Vinci foi um brilhante estudioso da Fisionomia, a ciência que procura estabelecer o carácter das pessoas através dos traços fisionómicos e das expressões faciais. Assim, observou que a cada emoção corresponde uma reacção ou gesto que varia com a idade e o carácter da pessoa. Ao escolher o momento em que cada um dos apóstolos se interroga a si próprio, Leonardo Da Vinci foi capaz de registar diferentes reacções face ao mesmo estímulo. “As expressões dos homens são tão variadas como os pensamentos nas suas mentes”, escreveu um dia Leonardo Da Vinci. Observando os apóstolos, dramaticamente organizados em grupos de três, podemos reviver o que teriam sentido na tarde em que Cristo lhes anunciou o Seu sacrifício.


Ao longo da Idade Média, A Última Ceia foi retratada como uma parte do ciclo completo da Paixão de Cristo, que habitualmente se iniciava com a sua entrada em Jerusalém e terminava com a deposição no sepulcro.

Só mais tarde, durante o século XV, começou a aparecer como cena independente. Torna-se então um tema importante para as pinturas que se destinavam a cobrir paredes dos refeitórios de mosteiros, onde os monges comiam. O significado profundo da Última Ceia era vivido diariamente pelos monges e pelo prior do convento que, como Jesus e os apóstolos, pensavam praticar os ensinamentos divinos ao estudarem e ao submeterem-se às escrituras sagradas.


Se o observador estiver a uma altura de quatro metros do chão (altura a que Leonardo Da Vinci trabalhou), a cena parece ser uma continuação da arquitectura do refeitório. O ponto de fuga da perspectiva coincide com a cabeça de Cristo, ponto central da composição. O mais notável é que o mesmo sentido de continuidade entre o espaço real e o espaço pictórico é também comunicado ao espectador ao nível do chão.


Como é que Leonardo Da Vinci terá conseguido este efeito? O diagrama acima mostra que o artista construiu uma espécie de cenário. Inclinou a pintura de modo que a superfície da mesa fosse visível e "forçou" a perspectiva para aumentar a ilusão de profundidade.

Para dar mais realismo à cena, iluminou-a como se a luz viesse do lado de onde se encontravam as janelas do refeitório.


A Obra:

Mural em têmpera e óleo, 460cm x 880cm, Milão, Santa Maria della Grazie. Pintado no fim da estada de Leonardo Da Vinci em Milão, entre 1495 e 1498, A Última Ceia foi encomendada por Ludovico, o Mouro.

Foi realizada numa das paredes do fundo do refeitório do mosteiro, em frente da representação da Crucificação.

Por razões técnicas, A Última Ceia começou a deteriorar-se muito cedo.

Foi restaurada, retocada e repintada várias vezes sem grande sucesso.

Recentemente foi submetida a um delicado tratamento para remover as camadas adicionais de pintura.


A Técnica:

Sempre insatisfeito com os resultados obtidos, Leonardo Da Vinci demorava bastante tempo a completar os seus trabalhos, razão pela qual muitos estão inacabados. Se tivesse pintado a Última Ceia usando a técnica tradicional do fresco, teria de trabalhar muito rapidamente: teria de cobrir a área do estuque, preparada por ele todos os dias, enquanto estava húmida. Como pretendia retocar partes da sua obra, Leonardo Da Vinci adoptou a técnica de aplicar uma mistura de óleo e têmpera sobre duas camadas de estuque. Nunca poderia prever que estes materiais sucumbissem aos ataques da poluição e da humidade. Aliás, o mural começou a deteriorar-se ainda durante a vida do artista. As cores, agora neutras e esmorecidas, eram originalmente vivas e luminosas. As cabeças de Jesus e André são mostradas em cima e em baixo respectivamente.

Santo André e São Francisco de Assis

Santo André (do grego Ανδρέας - André - «másculo», «viril»), apóstolo de Jesus Cristo nascido em Betsaida da Galileia, nas margens do Mar da Galileia. Foi um santo e mártir cristão. Sendo judeu, certamente o seu nome não seria André, mas talvez um correlato em hebraico ou amaraico.

Também conhecido como o Afável foi escolhido para ser um dos Doze, é citado várias vezes no Novo Testamento entre os quatro primeiros junto com Pedro, João e Tiago, sendo seu nome mencionado explicitamente três vezes: por ocasião do discurso escatológico de Jesus (Mc 13,3), na primeira multiplicação dos pães e dos peixes (Jo 6,8) e quando, juntamente com Filipe, apresenta a Jesus alguns gentios (Jo 12,22). Também pescador em Cafarnaum, foi o primeiro a receber de Cristo o título de Pescador de Homens e tornou-se o primeiro a recrutar novos discípulos para o Mestre.


Filho de Jonas tornou-se discípulo de São João Batista, cujo testemunho o levou juntamente com João Evangelista a seguirem Jesus e convencer seu irmão mais velho, Simão Pedro a segui-los. No começo da vida pública de nosso Senhor ocuparam a mesma casa em Cafarnaum. Segundo as Escrituras esteve sempre próximo ao Cristo durante sua vida pública.


Estava presente na Última Ceia, viu o Senhor Ressuscitado, testemunhou a Ascensão, recebeu graças e dons no primeiro Pentecostes e ajudou, entre grandes ameaças e perseguições, a estabelecer a Fé na Palestina, passando provavelmente por Cítia, Épiro, Acaia e Hélade. Para Nicéforo ele pregou na Capadócia, Galácia e Bitínia, e esteve em Bizâncio, onde determinou a fundação da Igreja local e apontou São Eustáquio como primeiro bispo.


Finalmente esteve na Trácia, Macedônia, Tessália e Acaia. Na Grécia, segundo a tradição foi crucificado em Patros da Acaia, cidade na qual havia sido eleito bispo, durante o reinado de Trajano, por ordem do procônsul romano Egéias. Atado, não pregado, a uma cruz em forma de X, que ficou conhecida como a cruz de Santo André, ainda que a evidência disso não seja anterior ao século catorze. Suas relíquias foram transferidas de Patros para Constantinopla (356) e depositadas na igreja dos Apóstolos (357), tornando-se padroeiro desta cidade. Quando Constantinopla foi tomada pelos franceses no início do século treze, o Cardeal Pedro de Cápua trouxe as relíquias à Itália e as colocou na catedral de Amalfi.


Anos mais tarde, seus restos mortais foram levados para Escócia, mas o navio que os transportava naufragou em uma baía que assim foi denominado a Baía de Santo André. No calendário católico é comemorado o seu dia a 30 de Novembro, data de seu martírio e é honrado como padroeiro da Rússia, Escócia, Grécia, Burgundy, Espanha, Sicília, Baixa Áustria, Nápoles, Ravenna, Brescia, Amalfi , Mantua , Manila, Bruges, Bordeux e Patras.

06/08/08

O Milagre Eucarístico de Lanciano

Num passeio pela região d’Abruzzo na margem adriática da Itália central, chega-se à cidade de Lanciano, entre o mar e as montanhas, rodeada de um agradável ambiente rural.

Nesta cidade pode admirar-se a patine da história e do tempo marcados nas edificações.

Existe um memorial às vítimas da II Grande Guerra deste local.

Visitado o centro histórico chegamos ao redor de um convento franciscano.

Na igreja do convento procuramos o Milagre Eucarístico. No Altar, encontrava-se a Custódia que continha o vinho transformado em sangue e o pão transformado na carne de Jesus.


Conta-se que um monge da Ordem Basiliana, um dia (séc. VII d. C.) aquando da celebração da Eucaristia na Igreja de S. Legonziano, duvidou da realidade da presença divina na Hóstia e no Vinho e eis que depois da Consagração se transformaram, em carne e sangue de Jesus Cristo.

“ a Hóstia - Carne (...) é de cor levemente escura e torna-se rósea em transparência. O Sangue é coagulado em cinco glóbulos irregulares e de diversas formas e tamanhos, de cor pálida tendente ao amarelo - ocre .”

“A carne e o sangue seriam do mesmo tipo sanguíneo (AB) e pertencem à espécie humana. Supõe-se que o sangue "AB" é o tipo de sangue encontrado no Santo Sudário. Este tipo de sangue é muito comum no povo Judeu. Outro facto interessante é que os cinco fragmentos, ao serem pesados têm exactamente o mesmo peso, não importa a combinação com que se pese. Por exemplo, tanto faz pesar um, dois ou todos fragmentos juntos, eles têm o mesmo peso.”

Este foi o primeiro e maior Milagre Eucarístico da Igreja Católica e conserva-se até hoje no mesmo local.

Jesus transformou a dúvida daquele monge num milagre para todos nós.


Oração

Louvor a Vós, oh Cristo

Que com este Milagre Eucarístico

Nos deixou um sinal de predilecção,

Para que cresça a nossa fé

Na Vossa viva Presença no Sacramento da Eucaristia.

Vos damos graças, Jesus

Pelo prodígio da Vossa vinda

Que sempre se renova sobre a mesa do altar.

Sois Vós o amigo dos nosso dias,

O Pão do caminho, o vinho da alegria,

O bálsamo da dor

E desejo do nosso coração.

Fazei, oh Senhor, que ao comunicar

O santo mistério do Vosso corpo e sangue,

Transfigurados de amor,

Possamos ser para todos

Os irmãos epifania de vossa altíssima Caridade

E Profecia do Vosso Reino,

Diante do mundo do terceiro milénio.

Filho de Deus vivente,

Infunde sobre nós a plenitude do Vosso Espírito,

Abre para nós o Caminho em direcção ao Pai,

Para que sejamos acolhidos

Ao término da nossa peregrinação,

No seio adorável da Santíssima Trindade,

Nossa felicidade e nossa paz

Por toda a eternidade.

Amén

01/08/08

Padre Pio

Tal como o apóstolo Paulo, o Padre Pio de Pietrelcina colocou, no vértice da sua vida e do seu apostolado, a Cruz do seu Senhor como sua força, sabedoria e glória. Abrasado de amor por Jesus Cristo, com Ele se configurou imolando-se pela salvação do mundo. Foi tão generoso e perfeito no seguimento e imitação de Cristo Crucificado, que poderia ter dito: «Estou crucificado com Cristo; já não sou eu que vivo, é Cristo que vive em mim» (Gál 2, 19). E os tesouros de graça que Deus lhe concedera com singular abundância, dispensaram ele incessantemente com o seu ministério, servindo os homens e mulheres que a ele acorriam em número sempre maior e gerando uma multidão de filhos e filhas espirituais.


Este digníssimo seguidor de S. Francisco de Assis nasceu no dia 25 de Maio de 1887 em Pietrelcina, na arquidiocese de Benevento, filho de Grazio Forgione e de Maria Giuseppa de Nunzio. Foi baptizado no dia seguinte, recebendo o nome de Francisco Forgione. Recebeu o sacramento do Crisma e a Primeira Comunhão, quando tinha 12 anos.


Aos 16 anos, no dia 6 de Janeiro de 1903, entrou no noviciado da Ordem dos Frades Menores Capuchinhos, em Morcone, tendo aí vestido o hábito franciscano no dia 22 do mesmo mês, e ficou a chamar-se Frei Pio. Terminado o ano de noviciado, fez a profissão dos votos simples e, no dia 27 de Janeiro de 1907, a dos votos solenes.

Depois da Ordenação Sacerdotal, recebida no dia 10 de Agosto de 1910 em Benevento, precisou de ficar com sua família até 1916, por motivos de saúde. Em Setembro desse ano de 1916, foi mandado para o convento de São Giovanni Rotondo, onde permaneceu até à morte.

Viveu em plenitude a vocação de contribuir para a redenção do homem, segundo a missão especial que caracterizou toda a sua vida e que ele cumpriu através da direcção espiritual dos fiéis, da reconciliação sacramental dos penitentes e da celebração da Eucaristia. O momento mais alto da sua actividade apostólica era aquele em que celebrava a Santa Missa. Os fiéis, que nela participavam, pressentiam o ponto mais alto e a plenitude da sua espiritualidade.









No campo da caridade social, esforçou-se por aliviar os sofrimentos e misérias de tantas famílias, principalmente com a fundação da «Casa Sollievo della Sofferenza» (Casa Alívio do Sofrimento), que foi inaugurada no dia 5 de Maio de 1956.

Para o Padre Pio, a fé era a vida: tudo desejava e tudo fazia à luz da fé. Empenhou-se assiduamente na oração. Passava o dia e grande parte da noite em colóquio com Deus. Dizia: «Nos livros, procuramos Deus; na oração, encontramo-Lo. A oração é a chave que abre o coração de Deus». A fé levou-o a aceitar sempre a vontade misteriosa de Deus.











Viveu imerso nas realidades sobrenaturais. Não só era o homem da esperança e da confiança total em Deus, mas, com as palavras e o exemplo, infundia estas virtudes em todos aqueles que se aproximavam dele. O amor de Deus inundava-o, saciando todos os seus anseios; a caridade era o princípio inspirador do seu dia: amar a Deus e fazê-Lo amar. A sua particular preocupação: crescer e fazer crescer na caridade.

A máxima expressão da sua caridade para com o próximo, vemo-la no acolhimento prestado por ele, durante mais de 50 anos, às inúmeras pessoas que acorriam ao seu ministério e ao seu confessionário, ao seu conselho e ao seu conforto. Parecia um assédio: procuravam-no na igreja, na sacristia, no convento. E ele prestava-se a todos, fazendo renascer a fé, espalhando a graça, iluminando. Mas, sobretudo nos pobres, atribulados e doentes, ele via a imagem de Cristo e a eles se entregava de modo especial.

Exerceu de modo exemplar a virtude da prudência; agia e aconselhava à luz de Deus.A todos tratou com justiça, com lealdade e grande respeito.










Nele refulgiu a virtude da fortaleza. Bem cedo compreendeu que o seu caminho haveria de ser o da Cruz, e logo o aceitou com coragem e por amor. Durante muitos anos, experimentou os sofrimentos da alma. Ao longo de vários anos suportou, com serenidade admirável, as dores das suas chagas.

Quando o seu serviço sacerdotal esteve submetido a investigações, sofreu muito, mas aceitou tudo com profunda humildade e resignação. Frente a acusações injustificáveis e calúnias permaneceu calado, sempre confiando no julgamento de Deus, dos seus superiores directos e de sua própria consciência.

A sua obediência era sobrenatural na intenção, universal na extensão e integral no cumprimento. Exercitou o espírito de pobreza, com total desapego de si próprio, dos bens terrenos, das comodidades e das honrarias. Sempre teve uma grande predilecção pela virtude da castidade. O seu comportamento era, em todo o lado e para com todos, modesto.

Considerava-se sinceramente inútil, indigno dos dons de Deus, cheio de misérias e ao mesmo tempo de favores divinos. No meio de tanta admiração do mundo, ele repetia: «Quero ser apenas um pobre frade que reza».

Desde a juventude, a sua saúde não foi muito brilhante e, sobretudo nos últimos anos da sua vida, declinou rapidamente. A irmã morte levou-o, preparado e sereno, no dia 23 de Setembro de 1968; tinha ele 81 anos de idade. O seu funeral caracterizou-se por uma afluência absolutamente extraordinária de gente.










No dia 20 de Fevereiro de 1971, apenas três anos depois da morte do Padre Pio, Paulo VI, dirigindo-se aos Superiores da Ordem dos Capuchinhos, disse dele: «Olhai a fama que alcançou, quantos devotos do mundo inteiro se reúnem ao seu redor! Mas porquê? Por ser talvez um filósofo? Por ser um sábio? Por ter muitos meios à sua disposição? Não! Porque celebrava a Missa humildemente, confessava de manhã até à noite e era – como dizê-lo?! – a imagem impressa dos estigmas de Nosso Senhor. Era um homem de oração e de sofrimento».

Nos anos que se seguiram à sua morte, a fama de santidade e de milagres foi crescendo cada vez mais, tornando-se um fenómeno eclesial, espalhado por todo o mundo e em todas as categorias de pessoas.

Não tinha ainda passado muito tempo quando a Ordem dos Frades Menores Capuchinhos empreendeu os passos previstos na lei canónica para dar início à Causa de beatificação e canonização. Depois de tudo examinado, como manda o Motu proprio «Sanctitas Clarior», a Santa Sé concedeu o nihil obstat no dia 29 de Novembro de 1982. O Arcebispo de Manfredónia pôde assim proceder à introdução da Causa e à celebração do processo de averiguação (1983-1990). No dia 7 de Dezembro de 1990, a Congregação das Causas dos Santos reconheceu a sua validade jurídica. Ultimada a Positio, discutiu-se, como é costume, se o Servo de Deus tinha exercitado as virtudes em grau heróico. No dia 13 de Junho de 1997, realizou-se o Congresso Peculiar dos Consultores Teólogos, com resultado positivo. Na Sessão Ordinária de 21 de Outubro seguinte, tendo como Ponente da Causa o Ex.mo e Rev.mo D. Andrea Maria Erba, Bispo de Velletri-Segni, os Cardeais e Bispos reconheceram que o Padre Pio de Pietrelcina exercitou em grau heróico as virtudes teologais, cardeais e anexas.

No dia 18 de Dezembro de 1997, na presença do Papa João Paulo II foi promulgado o Decreto sobre a heroicidade das virtudes. Para a beatificação do Padre Pio, a Postulação apresentou ao Dicastério competente a cura da senhora Consiglia de Martino, de Salerno. Sobre o caso desenrolou-se o Processo canónico regular no Tribunal Eclesiástico da arquidiocese de Salerno-Campanha-Acerno, desde Julho de 1996 até Junho de 1997. Na Congregação das Causas dos Santos, realizou-se, no dia 30 de Abril de 1998, o exame da Consulta Médica e, no dia 22 de Junho do mesmo ano, o Congresso Peculiar dos Consultores Teólogos. No dia 20 de Outubro seguinte, reuniu-se no Vaticano a Congregação Ordinária dos Cardeais e Bispos, membros do Dicastério, e, no dia 21 de Dezembro de 1998, foi promulgado, na presença do Papa João Paulo II, o Decreto sobre o milagre.

No dia 2 de Maio de 1999, durante uma solene Celebração Eucarística na Praça de São Pedro, Sua Santidade João Paulo II, com sua autoridade apostólica, declarou Beato o Venerável Servo de Deus Pio de Pietrelcina, estabelecendo no dia 23 de Setembro a data da sua festa litúrgica.









Para a canonização do Beato Pio de Pietrelcina, a Postulação apresentou ao competente Dicastério o restabelecimento do pequeno Matteo Pio Collela de São Giovanni Rotondo. Sobre este caso foi elaborado um processo canónico no Tribunal Eclesiástico da arquidiocese de Manfredonia-Vieste, que decorren de 11 de Junho a 17 de Outubro de 2000. No dia 23 de Outubro de 2000, a documentação foi entregue à Congregação das Causas dos Santos. No dia 22 de Novembro de 2001 é aprovado, na Congregação das Causas dos Santos, o exame da Consulta Médica. No dia 11 de Dezembro de 2001, é julgado pelo Congresso Peculiar dos Consultores Teólogos e, no dia 18 do mesmo mês, pela Sessão Ordinária dos Cardeais e Bispos. No dia 20 de Dezembro, na presença do Papa João Paulo II, foi promulgado o Decreto sobre o milagre; no dia 26 de Fevereiro de 2002, foi publicado o Decreto sobre a sua canonização.