02/08/09

Nossa Senhora da Estrela

Em S. Paio, Gouveia existe uma capela de Nossa Senhora da Estrela.

Reza a história que um pastor andava no lugar do Penedo Longo, com as suas ovelhas.
Sentiu muita sede e disse: " Valha-me Nossa Senhora que não tenho água para beber...!", nesse mesmo instante apareceu a imagem de Nossa Senhora com uma estrelinha e fazendo brotar uma fonte de água, saciou a sede do pastor.

O Pastor agradecido e com devoção levou a imagem de Nossa Senhora para a Igreja da Paróquia.

Contudo, ela voltou ao lugar do Penedo Longo.

Trouxeram-na de nova para a Igreja e durante as invasões francesas, foi queimada pelos invasores.
Desses tempos sabe-se uma quadra que é:

"A Senhora da Estrela
Aquela Santa Pequenina
Que a queimaram os franceses
Dentro de uma canastrinha."

Depois disso, foi construída uma capela em Honra de Nossa Senhora da Estrela e feita uma nova imagem que permanece até aos dias de hoje.

04/02/09

Menino Jesus de Praga

Menino Jesus de Praga é famosa estátua de Jesus menino venerada na Igreja de Nossa Senhora Vitoriosa, em Praga, República Checa.

Corria o ano de 1620 e Boêmia passava por momentos muito difíceis, assolada por guerras sangrentas. A cidade de Praga governada pelo então imperador do Sacro Império Romano-Germânico, Fernando II, era vítima das mais indizíveis calamidades.
Católico fervoroso, após a supressão do protestantismo, foi responsável pelos primeiros conflitos da “Guerra dos 30 anos”.
Apoiado pelo exército da Santa Liga católica e campeão da Contra-Reforma, cujos nacionais tiveram que escolher entre a conversão e o exílio, e posteriormente no Império, onde quis restabelecer a autoridade imperial derrotando o protestantismo e restabelecendo a unidade religiosa.
Numa dessas batalhas, quis demonstrar a gratidão a Nosso Senhor após ter alcançado a vitória, mandando construir um convento de Padres Carmelitas.
Mas no contexto de guerra, os religiosos carecia até do indispensável para sua sobrevivência, passando por muitas privações e dificuldades.

Nessa época, vivia em Praga a piedosa princesa Polixena Lobkowitz.
Sua mãe Doña Isabela Manrique de Lara y Mendoza, anos antes tinha adquirido uma imagem do Menino Jesus, (acredita-se que imagem tenha sido esculpida no século XVI na Espanha, em um mosteiro entre Córdoba e Sevilha, como uma cópia de uma outra estátua do local), que lhe oferecera no dia do seu casamento. Esta num acto de bondade e sofrendo na alma as prementes necessidades dos Carmelitas, presenteou-lhes com a pequena estátua de cera do Menino Jesus em pé, com 48 cm de altura. Sua mão direita erguida em atitude de bênção e a esquerda segurava um globo dourado. Seu rosto era muito amável e gracioso. A túnica e o manto tinham sido confeccionados pela própria princesa.

Esta, ao dar a estátua aos religiosos carmelitas, disse-lhes: “Meus padres, entrego-lhes o maior tesouro que possuo neste mundo. Prestem muitas honras a este Menino Jesus e nada lhes faltará.” Os Carmelitas agradeceram e instalaram-na no oratório do mosteiro, aonde recebia homenagem duas vezes ao dia, especialmente do Padre Cirilo com a seguinte oração;

Oração ao Divino e Milagroso Menino Jesus

Ó dulcíssimo Menino Jesus, que dissestes: (tudo o que pedirdes pela minha Santa Infância, vos será concedido), eu, cheio de confiança na Vossa ternura e misericórdia infinitas, peço-Vos que me concedais a graça que Vos implore e me livreis dos males e dificuldades que me afligem, a fim de Vos poder adorar e louvar melhor com o Pai e o Espírito Santo por toda a minha vida.

Assim seja…

A profecia da piedosa princesa cumpriu-se literalmente e não tardaram a se manifestar os efeitos maravilhosos da protecção do Divino Menino.

Mas não tardou na eclosão e mais uma guerra, a que viria ser chamada “Guerra dos 30 anos”. Foi então que nessa altura as devoções foram suspensas e os Padres Carmelitas acharam por bem transladarem-se para Munique. Foi então que no dia 15 de Novembro de 1631 as tropas de Gustavo Adolfo da Suécia, tomaram as igrejas e o convento da cidade de Praga, destruindo e saqueando, partindo assim os braços da estátua e deitando-a para trás do altar, ficando esta perdida no esquecimento durante 6 anos.

Em 1637, após seis anos de desolação, o Padre Cirilo retornou a Praga, estando esta ainda cercada pelo inimigo. Estando nas imediações da cidade, Padre Cirilo pergunta ao Padre Guardião pela imagem do Menino Jesus, mas este nada sabe dela.
Após alguma insistência de Padre Cirilo, é lhe concedido a autorização para ir busca-la. Deslocasse ao mosteiro e entre lágrimas a encontra no meio dos escombros, mas sem braços. A partir desse momento a presença da imagem e sua adoração pelo povo fez com que o inimigo bate-se em retirada, tendo o convento sido restaurado e reabastecido de tudo o necessitavam.

Certo dia, o Padre Cirilo orava diante da imagem, quando ouviu claramente estas palavras: “Tende piedade de mim e eu terei piedade de Vós. Devolvei minhas mãos e eu vos devolverei a paz. Quanto mais me honrardes, tanto mais vos abençoarei”.

Realmente a imagem estava sem braços, detalhe para o qual o Padre Cirilo não ligara, de tanta alegre que sentia. Surpreso, o bom Padre correu imediatamente à cela do Padre Superior e contou-lhe o facto, pedindo-lhe para mandar reparar a imagem. O Superior negou-se a atender o seu pedido, alegando a extrema pobreza do convento. O humilde devoto de Jesus foi chamado a atender um moribundo, Benedito Maskoning, que lhe deu 100 florins de esmola. Padre Cirilo levou o dinheiro ao Superior, convicto de que poderia usá-lo para restaurar a imagem, mas o Superior achou melhor comprar outra imagem, ainda mais bela. O Senhor não demorou a manifestar seu desagrado e no dia da inauguração da nova imagem, um candelabro que estava fixo na parede, soltou-se e caiu sobre ela, partindo-a totalmente. O Padre Superior adoeceu e não pode terminar seu mandato.

Foi eleito um novo Superior.

Padre Cirilo volta a suplicar-lhe para restaurar a imagem. Mais uma vez o pedido foi rejeitado. Sem desanimar, Padre Cirilo recorreu a Nossa Senhora. Mal terminara a sua oração, chamam-no à igreja. Aproxima-se dele uma senhora de aspecto venerável, que lhe entrega uma vultosa esmola. Esta senhora desaparece sem que ninguém a tivesse visto entrar nem sair da igreja. Cheio de alegria, o padre foi contar ao Superior o que se passara, mas este só lhe deu meio florim (25 centavos). Sendo tal soma insuficiente para restaurar a imagem, tudo voltou à estaca zero. Novas calamidades recaíram sobre o convento. Padre Cirilo não se cansava de se lamentar diante de seu generoso protector, quando ouviu dos seus lábios estas palavras: “Coloca-me na entrada da sacristia e encontrarás quem se compadeça de mim”.

Com efeito, apareceu um desconhecido que, notando o belo Menino desprovido de braços, se ofereceu para colocá-los, não demorando a ser recompensado.

As devoções eram cada vez mais e os Padres Carmelitas queriam colocar a imagem num sítio aonde todos a pudessem louvar, mas não havia dinheiro para uma nova igreja. Foi então que 1644 é inaugurado o santuário que a princesa Lobkowitz mandara construir. Vinham pessoas de todo o lado.

Em 1655, o Conde Martinitz, Grão Marquês da Boêmia, brindou a imagem com uma preciosa coroa de ouro cravejada de pérolas e diamantes. É então que o reverendo D. José de Corte a coloca no Menino durante a cerimónia de coroação e lhe atribui definitivamente o nome de Menino Jesus de Praga.

Actualmente também se lhe chama, o Milagre do Divino Menino Jesus, porque todas as graças ou favores que se pedem perante a Sua imagem, são alcançados. Os devotos ao longo do tempo têm oferecido vestidos ricamente bordados, dai serem trocados ocasionalmente. A sua devoção enquanto imagem remonta desde que pertencia à família espanhola, mas enquanto Homem e Espírito começou em Belém, com os Anjos, os pastores, Maria e José, os Reis Magos, os apóstolos, os santos e todos os cristãos.

A imagem vem sendo espalhada pelo mundo através de imensas réplicas e panfletos. Celebra-se no dia 25 de cada mês e a festa anual é no Domingo depois da Epifania, que surge como a festa do Baptismo. Anualmente milhares de peregrinos vão a Praga, à igreja de Nossa Senhora Vitoriosa pedir graças e agradecer outras já recebidas…

04/11/08

João Paulo II (Karol Jósef Wojtyla)

A lenda do nascimento de João Paulo II


Segundo se conta, no momento do parto não ouve dor, a mãe pediu à parteira que abrisse a janela para que os primeiros sons que seu filho recém-nascido ouvisse fossem o canto em honra de Maria, Mãe de Deus.

E assim a parteira saltou do pé da cama para a janela e escancarou as persianas. De repente o quarto se encheu de luz e do entoar das vésperas de Maio em honra da Santa Virgem, vindo da Igreja Nossa Senhora, no próprio mês a ela dedicado. Dessa forma, os primeiros sons ouvidos pelo futuro papa, João Paulo II, foram cânticos entoados a Maria, da igreja paroquial que ficava bem do outro lado da rua da casa onde nasceu, num modesto sobrado cujos proprietários eram judeus, na cidadezinha de Vadovice, na Galícia.


Essa foi a história contada pelo velho Papa em pessoa, enquanto caminhava pelos jardins do Vaticano no seu septuagésimo ano de vida, contemplando o arco descrito por sua vida notável e descrevendo essa grande dádiva de sua própria mãe martirizada. Trecho do livro Sua Santidade, João Paulo II e a história oculta de nosso tempo, de Carl Bernstein e Marco Politi.


João Paulo II (Karol Józef Wojtyla)


Karol Józef Wojtyla nasceu a 18 de Maio de 1920, em Wadowice, uma pequena localidade ao sul da Polónia, a 50 quilómetros da. Filho de Karol Wojtyla, um tenente do exército austro-húngaro e sua mãe Emíila Kaczorowsky, uma jovem siciliana de origem lituana, e um irmão adolescente de nome Edmund Wojtyla por quem tinha grande admiração.


Teve uma irmã que morreu com apenas alguns dias de vida.


Os pais de Karol Józef Wojtyla baptizaram-no a poucos dias após nascer, na Igreja de Santa Maria de Wadowice.

Era muito mimado tal como o seu irmão Edmund, que se formou em medicina.


Mas aos 9 anos de idade, algo de drástico acontece na sua vida, a mãe Emilia Kaczorowska encontrasse doente (problemas nos rins) acabando por falecer, corria o ano de 1929. Criado pelo pai, um homem rígido, que educou os filhos de acordo com a disciplina militar, mas sempre pronto a ajuda-los e apoia-los em tudo, tanto que era de bom agrado, ver Karol com apenas 10 anos demonstrar interesse pelo teatro e pela literatura.

Mas algo voltaria a mudar o rumo da sua vida, com 11 anos de idade (1931), veria morrer o irmão, vítima de escarlatina. E como pode aguentar ainda mais sofrimento quando a poucos dias de completar 22, vê morrer seu pai num dos mais rigorosos Invernos da Polónia.


Durante a invasão nazi da Polónia, Karol Wojtyla e um grupo de jovens polacos criaram uma universidade clandestina, como forma de resistirem ao encerramento das universidades polacas, decretado pelos alemães, mas para desgosto dele assistiu ao assassinato de vários desses seus amigos e colegas. Era um apaixonado pelo desporto (chegou a actuar como jogador de futebol numa equipa amadora de Wadowice) e, muito religioso, (foi fundador de uma Congregação Mariana no seu colégio).


Durante a ocupação alemã, trabalhou como mineiro e mais tarde numa fábrica de produtos químicos para evitar a sua deportação para a Alemanha Nazi.


Em 1942, ingressou no departamento teológico da Universidade Jaguelónica, onde fez vários amigos e em 1946 é ordenado sacerdote e licencia-se em Teologia na Universidade Pontifícia de Roma Angélica e, mais tarde, em Filosofia, desempenhando depois as funções de docente na Universidade Católica de Lublin e na Universidade Estatal de Cracóvia.


Em 1958, foi consagrado Bispo Auxiliar do Administrador Apostólico de Cracóvia, monsenhor Basiak, tornando-se o mais novo membro do Episcopado polaco. Corria o ano de 1963, quando a 30 de Dezembro é apontado por Paulo VI como arcebispo de Cracóvia tendo sido 4 anos mais tarde no dia 28 de Junho é elevado a cardeal, também por Paulo VI.

No ano de 1978, é nomeado membro da Consagração para a Educação Católica.


João Paulo I, o antecessor de João Paulo II, morre a 28 de Setembro de 1978, vítima de enfarto agudo do miocárdio

antes de completar 34 dias de pontificado. O conclave (colégio de cardeais responsável pela escolha do próximo Papa) o elegeu a 18 de Outubro de 1978 como o 265º sucessor de Pedro, à frente dos destinos da Igreja Católica, interrompendo mais de 400 anos (desde 1522) de eleição de Papas italianos.


Adoptou o nome de João Paulo II em homenagem ao seu antecessor e depressa se colocou do lado da paz e da concórdia internacionais, com intervenções frequentes em defesa dos direitos humanos e das Nações.


Corria o ano de 1981 quando sofreu um atentado na tarde de 13 de Maio. No meio da Praça de São Pedro, no Vaticano, o turco Mohemed Ali Agca disparou três vezes contra o Papa. As balas o atingiram no abdómen e no braço, e uma multidão de pessoas presenciou o incidente.


João Paulo II iniciou as comemorações do Dia Mundial da Juventude em 1985, em Roma, num encontro com 200 mil pessoas.

Durante a sua visita a Cuba, em Janeiro de 1998, que marcou o fim de 39 anos de relações tensas entre a Igreja Católica e o regime de Fidel Castro, o Papa condenou o embargo económico dos Estados Unidos ao país, declarando que tais medidas eram "condenáveis por lesarem os mais necessitados".


A reconciliação com os judeus marcou a sua viagem à Terra Santa, e uma viragem nas relações entre as duas religiões. João Paulo II pediu perdão, a 12 de Março de 2000, pelos erros e crim

es cometidos pela Igreja no passado, especialmente contra os judeus, pedido repetido junto ao Muro das Lamentações, em Jerusalém, o lugar mais sagrado do judaísmo.


Em 13 de Maio de 2000, viaja até Santuário de Fátima, em Portugal e a Igreja surpreendeu o mundo revelando a Terceira Revelação de Fátima, que em 1917 teria aparecido para três crianças em Portugal.


Segundo análise do Vaticano, o terceiro segredo estaria ligado ao atentado contra o Papa. Curiosamente, os tiros contra o Papa foram disparados também no dia 13 de Maio (1981). Conforme divulgou o secretário de Estado do Vaticano, o terceiro mistério anunciado pela Virgem aos pastorinhos era a imagem de um bispo vestido de branco que caminhava entre os corpos de mártires caídos ao chão, aparentemente mortos, sob uma chuva de disparos. A Praça de São Pedro é rodeada de imagens de santos e mártires. A revelação do mistério encerrou décadas de suposições, muitas delas relacionando o segredo a profecias apocalípticas como o fim do mundo.


A Oração Mundial pela Paz, que se realizou a 24 de Janeiro de 2002, foi presidida por João Paulo II e reuniu em Assis, em Itália, líderes de 48 confissões de todo o mundo.

Foi a Fátima visitar todas as pessoas e também a irmã Lúcia. A irmã Lúcia acabou por falecer no dia 13 de Fevereiro de 2005. A irmã Lúcia era a mais velha dos três pastorinhos.


Muitas outras visitas fez, mas ainda nos anos 90 é marcado pela doença de Parkinson, sendo já evidente que a sua saúde se iria debilitar rapidamente.


Foi então que às 21h37, hora de Roma, do dia 2 de Abril de 2005, o Mundo parou perante a notícia da morte do Santo Padre, vítima de choque séptico e de falência cardíaca, segundo o atestado de óbito assinado pelo médico pessoal do pontífice.


Por sua própria decisão, seu corpo não foi embalsamado. E sobre seu funeral, deixou a seguinte instrução: "Repito a mesma ordem dada pelo Santo Padre Paulo VI: enterro em terra nua, não em um sarcófago".


As exéquias fúnebres decorreram na Praça de São Pedro, pela manhã do dia 7 de Abril de 2005, tendo a cerimónia fúnebre durou três horas, sobre alta segurança, presidida pelo então, decano dos cardeais, o Cardeal Joseph Ratzinger.


O corpo de João Paulo II está sepultado no Vaticano, numa lápide de pedra (campa rasa), junto ao túmulo de S. Pedro, na cripta da Basílica onde descansam pontífices e monarcas.


Fica para a História da Humanidade como tendo ficado nos 12 Papas, de um total de 264, a reinaram mais tempo. O recorde absoluto é de São Pedro, o primeiro papa, que teve um pontificado de entre 34 e 37 anos – não há dados exactos para confirmar a data precisa. Em 24 anos de pontificado, João Paulo II já beatificou 1303 pessoas e proclamou 465 santos.


Foi um dos Homens mais Bondosos que a Humanidade alguma vez teve…

06/09/08

A Última Ceia de Leonardo Da Vinci

Este quadro representa o episódio dramático narrado nas Sagradas Escrituras, em que Cristo, reunido com os Seus discípulos para celebrar a Páscoa Judia, anuncia que um deles o iria trair. Leonardo Da Vinci descreve a cena de forma original como se estivesse a contar uma história. Em vez de escolher o momento em que a identidade do traidor é revelada, retrata as reacções e gestos dos apóstolos que interrogam o Mestre: "Serei eu, Senhor?" Jesus está sentado, impassível, enquanto os discípulos, todos potenciais traidores, se olham uns aos outros, questionando-se e tentando afirmar a sua inocência.












Porque Leonardo Da Vinci escolheu este momento para representar a sua Última Ceia?


Leonardo Da Vinci foi um brilhante estudioso da Fisionomia, a ciência que procura estabelecer o carácter das pessoas através dos traços fisionómicos e das expressões faciais. Assim, observou que a cada emoção corresponde uma reacção ou gesto que varia com a idade e o carácter da pessoa. Ao escolher o momento em que cada um dos apóstolos se interroga a si próprio, Leonardo Da Vinci foi capaz de registar diferentes reacções face ao mesmo estímulo. “As expressões dos homens são tão variadas como os pensamentos nas suas mentes”, escreveu um dia Leonardo Da Vinci. Observando os apóstolos, dramaticamente organizados em grupos de três, podemos reviver o que teriam sentido na tarde em que Cristo lhes anunciou o Seu sacrifício.


Ao longo da Idade Média, A Última Ceia foi retratada como uma parte do ciclo completo da Paixão de Cristo, que habitualmente se iniciava com a sua entrada em Jerusalém e terminava com a deposição no sepulcro.

Só mais tarde, durante o século XV, começou a aparecer como cena independente. Torna-se então um tema importante para as pinturas que se destinavam a cobrir paredes dos refeitórios de mosteiros, onde os monges comiam. O significado profundo da Última Ceia era vivido diariamente pelos monges e pelo prior do convento que, como Jesus e os apóstolos, pensavam praticar os ensinamentos divinos ao estudarem e ao submeterem-se às escrituras sagradas.


Se o observador estiver a uma altura de quatro metros do chão (altura a que Leonardo Da Vinci trabalhou), a cena parece ser uma continuação da arquitectura do refeitório. O ponto de fuga da perspectiva coincide com a cabeça de Cristo, ponto central da composição. O mais notável é que o mesmo sentido de continuidade entre o espaço real e o espaço pictórico é também comunicado ao espectador ao nível do chão.


Como é que Leonardo Da Vinci terá conseguido este efeito? O diagrama acima mostra que o artista construiu uma espécie de cenário. Inclinou a pintura de modo que a superfície da mesa fosse visível e "forçou" a perspectiva para aumentar a ilusão de profundidade.

Para dar mais realismo à cena, iluminou-a como se a luz viesse do lado de onde se encontravam as janelas do refeitório.


A Obra:

Mural em têmpera e óleo, 460cm x 880cm, Milão, Santa Maria della Grazie. Pintado no fim da estada de Leonardo Da Vinci em Milão, entre 1495 e 1498, A Última Ceia foi encomendada por Ludovico, o Mouro.

Foi realizada numa das paredes do fundo do refeitório do mosteiro, em frente da representação da Crucificação.

Por razões técnicas, A Última Ceia começou a deteriorar-se muito cedo.

Foi restaurada, retocada e repintada várias vezes sem grande sucesso.

Recentemente foi submetida a um delicado tratamento para remover as camadas adicionais de pintura.


A Técnica:

Sempre insatisfeito com os resultados obtidos, Leonardo Da Vinci demorava bastante tempo a completar os seus trabalhos, razão pela qual muitos estão inacabados. Se tivesse pintado a Última Ceia usando a técnica tradicional do fresco, teria de trabalhar muito rapidamente: teria de cobrir a área do estuque, preparada por ele todos os dias, enquanto estava húmida. Como pretendia retocar partes da sua obra, Leonardo Da Vinci adoptou a técnica de aplicar uma mistura de óleo e têmpera sobre duas camadas de estuque. Nunca poderia prever que estes materiais sucumbissem aos ataques da poluição e da humidade. Aliás, o mural começou a deteriorar-se ainda durante a vida do artista. As cores, agora neutras e esmorecidas, eram originalmente vivas e luminosas. As cabeças de Jesus e André são mostradas em cima e em baixo respectivamente.

Santo André e São Francisco de Assis

Santo André (do grego Ανδρέας - André - «másculo», «viril»), apóstolo de Jesus Cristo nascido em Betsaida da Galileia, nas margens do Mar da Galileia. Foi um santo e mártir cristão. Sendo judeu, certamente o seu nome não seria André, mas talvez um correlato em hebraico ou amaraico.

Também conhecido como o Afável foi escolhido para ser um dos Doze, é citado várias vezes no Novo Testamento entre os quatro primeiros junto com Pedro, João e Tiago, sendo seu nome mencionado explicitamente três vezes: por ocasião do discurso escatológico de Jesus (Mc 13,3), na primeira multiplicação dos pães e dos peixes (Jo 6,8) e quando, juntamente com Filipe, apresenta a Jesus alguns gentios (Jo 12,22). Também pescador em Cafarnaum, foi o primeiro a receber de Cristo o título de Pescador de Homens e tornou-se o primeiro a recrutar novos discípulos para o Mestre.


Filho de Jonas tornou-se discípulo de São João Batista, cujo testemunho o levou juntamente com João Evangelista a seguirem Jesus e convencer seu irmão mais velho, Simão Pedro a segui-los. No começo da vida pública de nosso Senhor ocuparam a mesma casa em Cafarnaum. Segundo as Escrituras esteve sempre próximo ao Cristo durante sua vida pública.


Estava presente na Última Ceia, viu o Senhor Ressuscitado, testemunhou a Ascensão, recebeu graças e dons no primeiro Pentecostes e ajudou, entre grandes ameaças e perseguições, a estabelecer a Fé na Palestina, passando provavelmente por Cítia, Épiro, Acaia e Hélade. Para Nicéforo ele pregou na Capadócia, Galácia e Bitínia, e esteve em Bizâncio, onde determinou a fundação da Igreja local e apontou São Eustáquio como primeiro bispo.


Finalmente esteve na Trácia, Macedônia, Tessália e Acaia. Na Grécia, segundo a tradição foi crucificado em Patros da Acaia, cidade na qual havia sido eleito bispo, durante o reinado de Trajano, por ordem do procônsul romano Egéias. Atado, não pregado, a uma cruz em forma de X, que ficou conhecida como a cruz de Santo André, ainda que a evidência disso não seja anterior ao século catorze. Suas relíquias foram transferidas de Patros para Constantinopla (356) e depositadas na igreja dos Apóstolos (357), tornando-se padroeiro desta cidade. Quando Constantinopla foi tomada pelos franceses no início do século treze, o Cardeal Pedro de Cápua trouxe as relíquias à Itália e as colocou na catedral de Amalfi.


Anos mais tarde, seus restos mortais foram levados para Escócia, mas o navio que os transportava naufragou em uma baía que assim foi denominado a Baía de Santo André. No calendário católico é comemorado o seu dia a 30 de Novembro, data de seu martírio e é honrado como padroeiro da Rússia, Escócia, Grécia, Burgundy, Espanha, Sicília, Baixa Áustria, Nápoles, Ravenna, Brescia, Amalfi , Mantua , Manila, Bruges, Bordeux e Patras.

06/08/08

O Milagre Eucarístico de Lanciano

Num passeio pela região d’Abruzzo na margem adriática da Itália central, chega-se à cidade de Lanciano, entre o mar e as montanhas, rodeada de um agradável ambiente rural.

Nesta cidade pode admirar-se a patine da história e do tempo marcados nas edificações.

Existe um memorial às vítimas da II Grande Guerra deste local.

Visitado o centro histórico chegamos ao redor de um convento franciscano.

Na igreja do convento procuramos o Milagre Eucarístico. No Altar, encontrava-se a Custódia que continha o vinho transformado em sangue e o pão transformado na carne de Jesus.


Conta-se que um monge da Ordem Basiliana, um dia (séc. VII d. C.) aquando da celebração da Eucaristia na Igreja de S. Legonziano, duvidou da realidade da presença divina na Hóstia e no Vinho e eis que depois da Consagração se transformaram, em carne e sangue de Jesus Cristo.

“ a Hóstia - Carne (...) é de cor levemente escura e torna-se rósea em transparência. O Sangue é coagulado em cinco glóbulos irregulares e de diversas formas e tamanhos, de cor pálida tendente ao amarelo - ocre .”

“A carne e o sangue seriam do mesmo tipo sanguíneo (AB) e pertencem à espécie humana. Supõe-se que o sangue "AB" é o tipo de sangue encontrado no Santo Sudário. Este tipo de sangue é muito comum no povo Judeu. Outro facto interessante é que os cinco fragmentos, ao serem pesados têm exactamente o mesmo peso, não importa a combinação com que se pese. Por exemplo, tanto faz pesar um, dois ou todos fragmentos juntos, eles têm o mesmo peso.”

Este foi o primeiro e maior Milagre Eucarístico da Igreja Católica e conserva-se até hoje no mesmo local.

Jesus transformou a dúvida daquele monge num milagre para todos nós.


Oração

Louvor a Vós, oh Cristo

Que com este Milagre Eucarístico

Nos deixou um sinal de predilecção,

Para que cresça a nossa fé

Na Vossa viva Presença no Sacramento da Eucaristia.

Vos damos graças, Jesus

Pelo prodígio da Vossa vinda

Que sempre se renova sobre a mesa do altar.

Sois Vós o amigo dos nosso dias,

O Pão do caminho, o vinho da alegria,

O bálsamo da dor

E desejo do nosso coração.

Fazei, oh Senhor, que ao comunicar

O santo mistério do Vosso corpo e sangue,

Transfigurados de amor,

Possamos ser para todos

Os irmãos epifania de vossa altíssima Caridade

E Profecia do Vosso Reino,

Diante do mundo do terceiro milénio.

Filho de Deus vivente,

Infunde sobre nós a plenitude do Vosso Espírito,

Abre para nós o Caminho em direcção ao Pai,

Para que sejamos acolhidos

Ao término da nossa peregrinação,

No seio adorável da Santíssima Trindade,

Nossa felicidade e nossa paz

Por toda a eternidade.

Amén